sábado, setembro 30, 2006

Repouso o olhar nos contornos do teu belo rosto.
Perco a noção do tempo e esqueço-me de tudo o resto.
Fixo a atenção na tua boca, nos teus lábios...
Aproximo-me deles delicadamente de forma a que não me fujam.
Estão muito próximos, muito perto de os alcançar.
Imagino-os doces... Imagino-os quentes.
Tenho vontade de lhes tocar, de os sentir contra os meus.
Rendo-me a eles sem que isso se faça notar.
Desejo que o momento se prolongue para lá deste fugaz instante.
Volto a contemplar-te. Estás longe, muito longe de mim.
Cai a noite...
Procuro abrigo no cigarro acabado de acender...
Levanto-me e afasto-me para que não percebas que o meu sorriso é uma lágrima que me escorre pela cara abaixo...

sexta-feira, setembro 22, 2006

Tontos seres...

Somos seres, tontos seres, que cedem ao amor e á tristeza.
É comum dizer que não existe um sem o outro... Será que não?
Não seremos apenas os eternos inconformados, os eternos sonhadores?
Até que ponto conseguiríamos ser pessoas conformadas por não perseguirmos sonhos, nem viver ilusões?
Somos os eternos insatisfeitos, os eternos desconsolados...
Temos pressa em viver.
Somos sôfregos, somos ávidos... Vampirizamos a nossa própria existência na desesperada procura de algo que podemos comparar com felicidade.
Andamos sempre nos limites, daqueles que nos permitem voar mais além para alcançar sensações jamais vividas anteriormente.
E quando por fim acabamos o voo, aterramos na paz, cedemos á melancolia e mergulhamos na tristeza solitária...

domingo, setembro 17, 2006

(Não) Morrer lentamente

Há vida em mim de novo, sinto-me vivo outra vez!
"Morre lentamente quem não viaja, quem não lê,
quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio,
quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajetos,
quem não muda de marca,
não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão,
quem prefere o preto no branco e os pontos nos "is"
em detrimento de um redemoinho de emoções
justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.
Morre lentamente, quem abandona um projeto antes de iniciá-lo,
não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples fato de respirar. Somente a perseverança fará com que conquistemos um estágio esplêndido de felicidade."

(Pablo Neruda)

segunda-feira, setembro 11, 2006

Até sempre...


Ouvindo o "rendilhado" da guitarra do Grande Mestre...

Ainda assim tinha tanto para te dizer...
As noitadas dentro de casa, o devorar do gelado, o ter que te acordar do sofá para te levar para a cama...
As férias... sempre as férias, claro! A emoção e a ansiedade com as nossas viagens...
A constante cumplicidade, sempre, inesgotável, que nos fazia comunicar sem palavras, bastando para isso apenas trocar um olhar...
O ritual de acender a lareira, de fazer a arvore de natal...
O nosso sentido de humor igual em tudo...
Gostava muito de rir contigo, sabes? Estará sempre em mim essa sensação incomparável...
Hábitos e rotinas apenas nossos.
Entre nós apenas acabou a relação, nada mais.
Apenas nos deixamos de amar...
Mas custa...
Pensar em ti é hoje um misto de saudade e revolta... desculpa-me.
Sabes que quero o melhor para ti, sempre e para sempre. Quero que alcances todos os teus sonhos, que tenhas tudo...
Sabes onde vais estar sempre. Foste sem dúvida a pessoa mais especial que algum dia tive...
Ambos sabemos que caiu a noite na nossa relação...
Por tudo o que passamos juntos, sê feliz.

Palavras para quê...?

(WTC - 11.09.2001)

domingo, setembro 10, 2006

... ouvindo deliciado La Revancha del Tango...

"Si desapareció
En mi aparecerá
Creyeron que murió
Pero renacerá

Llovió, paró, llovió
Y un chico adivinó
Oímos una voz, y desde un tango
Rumor de pañuelo blanco

No eran buenas esas épocas
Malos eran esos aires
Fue hace veinticinco años
Y vos existías, sin existir todavía

Si desapareció
En mi aparecerá
Creyeron que murió
Y aquí se nace
Aquí la vida renace

No eran buenas esas épocas
Malos eran esos aires
Fue hace veinticinco años
Y vos existías, sin existir todavía"

(Gotan Project - Epoca)

quarta-feira, setembro 06, 2006

Lágrima

Era com uma superlativa ansiedade que aguardava sistematicamente aquele momento especial. Á medida que os minutos se consumiam, consumiam-se os cigarros e os nervos. Tentava me distrair, tentava desviar a minha atenção de todas as formas possíveis e imaginárias mas sempre, sempre de uma forma inútil. Era mais forte do que eu... Nada poderia fazer senão ir esperando de respiração contida, imóvel e silencioso. O contínuo passar dos minutos fazia crescer a minha inquietação...
Por fim ouvia os teus passos no corredor, únicos no toque e na cadência, e eu já eu me precipitava para te abrir a porta antes mesmo de a campainha se fazer ouvir. Nem sempre te sorria, nem sempre te beijava. Nem sempre conseguia manter a máscara da indiferença fingindo não me importar com a tua chegada tardia. Ali no entanto, voltava a renascer nos teus braços, dando significado á palavra amor…

terça-feira, setembro 05, 2006

Viagem...

A noite já caiu faz tempo. Na verdade já me vou habituando ao facto de viver sózinho. Delicio-me a ouvir um belo som, enquanto vou vendo de soslaio um qualquer programa de televisão. A tv serve essencialmente para me distrair a atenção. A música faz-me viajar para lugares longinquos e desconhecidos...

"...Deseja que a tua viagem seja longa
Que sejam muitas as manhãs de verão,
quando, com que prazer, com que alegria,
entrares em portos que olhas pela primeira vez;
deverás deter-te nos entrepostos fenícios
para comprares mercadorias raras,
coral e madrepérola, âmbar e marfim,
e perfumes de toda a espécie que tocam os sentidos:
compra desses perfumes quanto puderes;
e visita muitas cidades do Egipto,
para aprenderes e continuares a aprender com os que sabem muito..."
(Constantin P. Cafavy - Ítaca)

segunda-feira, setembro 04, 2006

Ao meu Pai...


O tempo, esse mesmo que cura tudo, voa... Cinco meses depois ainda não me curou e duvido que algum dia o faça. Não me lembro de te ter dito o quanto te admirava. Tão pouco me lembro de te ter dito o quanto gostava de ti... Quando partiste para a tua ultima viagem, aquela que tanto desejaste, caiu a noite na minha alma...

domingo, setembro 03, 2006

Um novo dia...

Ia pensando naquele último momento, em que segui os teus passos em direcção á porta, enquanto admirava com uma estranha apatia a força das ondas a rebentarem furiosamente. Naquele mesmo mar fomos um só, como sempre.
O dia a dia está preenchido de momentos iguais... neste, contudo, procurei abrigo em palavras partilhadas por alguém especial.
Apeteceu-me levantar da fina areia e correr ao teu encontro...
Amanhã é um novo dia de Sol.
"Recomeça....
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças..."
(Sísifo - Miguel Torga)

sábado, setembro 02, 2006

É sábado. Descanso um pouco e escuto os pensamentos de alguém..
"i know someday you'll have a beautiful life, i know you'll be a star
in somebody else's sky, but why, why, why can't it be, why can't it be mine?"
(Pearl Jam - Black)

sexta-feira, setembro 01, 2006

Defeito ou feitio?

Reajo ao estímulo de ordenar cronologicamente as memórias e faço um balanço superficial da relação findada. Encontro-me muitas vezes desesperado e completamente perdido. Demasiadas vezes...
Antecipo o momento seguinte. Já o conheço bem. Agora dá-me para a nostalgia... Á medida que avanço numa direcção qualquer vou pensando em ti.
O cair da noite tira-me a capacidade de ver o outro lado...
"...vale mais a tristeza de uma solução definitiva do que a angustia de um quase."
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